Olá! Seja bem vindo ao BLOG DA POETISA NEUSA.

Nesses últimos dias resolvi dar uma mexidinha no meu blog. Estava um pouco esquecido, devido ao trabalho e um pouco de preguiça.

Mas... Como não sou dada a essa coisa de preguiça, arregacei as mangas e mergulhei no blog. Fiz algumas alterações no layout e publiquei mais artigos.
Com relação as MINHAS POESIAS, pretendo reuni-las em um livro. Com noite de autógrafo, convites e tudo o mais... Sonhos de poetisa... Por isso não as publico aqui.
Criei também aí dentro do blog uma Página para MEUS CONTOS . Os contos são na verdade uma brincadeira minha. Servem para aguçar a mente dos leitores e me divertirem. Gosto de escrever aquilo que todos querem ler, sem hipocrisia... Importante salientar que nenhum conto reflete minha vida pessoal. Todos criados a partir da imaginação de alguém que adora criar, que adora inventar histórias.
Gosto mesmo de escrever artigos. Para ler, clique na Página MEUS ARTIGOS. Escrevi sobre alguns temas que suscita a curiosidade das pessoas, como por exemplo: TRAIÇÃO, PAIXÃO, SEDUÇÃO, AMOR VIRTUAL, LEITURA, POESIAS, CIÚMES, entre outros.
Sinta-se a vontade para ler, escrever, discutir comigo ou com outros leitores sobre qualquer assunto contido nesse Blog. Para ficar mais fácil, criei UM MURAL. Deixe marcado lá sua presença, com uma mensagem, um comentário ou um recadinho.
Um beijo especial em seu coração da POETISA NEUSA MONFARDINI.

CONTO NOVO!! SOBRE UM CASAL QUE SE CONHECEU NA NET E VIVERAM UM TÓRRIDO ROMANCE VIRTUAL. QUER SABER COMO TERMINOU ESSA HISTÓRIA? ENTÃO CLICA NO TÍTULO DO CONTO --->> "OI, QUER TC?"


MEUS ARTIGOS


MULHER

Mulher
Ser supremo
Doce e amiga
Feroz e destemida
Chorosa e sofrida

Mulher
Ser sensual
Sincera e  lasciva
Latente, agressiva
Libertina e descente
Leal e compreensiva

Mulher
Ser forte
Na vida e na morte
Dá a vida e sustenta
Na guerra e na paz
Com o seio amamenta
Mas o homem quer sempre mais

Mulher
Ser amante
Ama e grita
Manda, obedece
Faz dengo, faz fita
Querendo enlouquece
O corpo todo se agita
Quando a pele enrubesce...

Mulher
Ser humano
Descansa e trabalha
Protege e cuida
De tudo fala
Mas quando não quer; fica muda!

Mulher
Ser total
Feroz, destemida
Dengosa e guerreira
Serena e sofrida
Feliz e companheira.
É tudo na vida!

Neusa Monfardini


Ah! Essas mulheres!!

Gentil, companheira, sapeca, moleca! Jeitinho para tudo. Perfumada, serenas, loiras, morenas, mulatas, orientais, recatadas, gentis, felizes, sensuais.
Existem mulheres de todos os tipos bem disse o poeta, singulares em suas formas de pensar, de ver e viver a vida. Algumas a vivem intensamente, em toda sua plenitude, outras esquecem de vivê-la, a deixam escapar por entre os dedos como se fossem grãos de areia em pleno deserto.
As que vivem intensamente são muitas vezes criticadas, pois de alguma forma estão se assemelhando aos homens, já que esses sim; podem fazer o que têm vontade, sem serem por isso recriminados.
As que esquecem de viver intensamente a vida, projetam suas vivências e felicidades no casamento e nos filhos. São exímias donas de casa, mães amorosas e esposas mais ou menos.
Esposas mais ou menos, pois, os maridos não a percebem, eles não precisam, elas estão sempre lá, arrumando e servindo, servindo e arrumando.
Mas, ela quer mais.
A mulher é sensível, chora e ri com vontade, tem sempre alguma história para contar, histórias que emocionam e surpreendem, se faz de exemplo a seguir e segue exemplo.
Quando deseja algo, faz de tudo para conseguir; chora, sorri, faz manha, faz dengo, argumenta com inteligência e consegue.
Pode se perder dentro de um quarteirão, no entanto é capaz de pormenorizar um lugar em que esteve uma única vez.
Dizem que a mulher é sexo frágil. Frágil em que sentido?
Claro que se torna frágil algumas vezes, mas não se deixa amainar.
Sente-se a pior das criaturas quando está na TPM, e nessa época precisa de carinho, cuidado e compreensão. Mesmo com cólicas horrendas, sorri, trabalha fora de casa, cuida dos afazeres domésticos e ainda se preocupa com os homens e as mulheres da sua vida.
A natureza é sábia! Se a homem tivesse o primeiro filho, a mulher tivesse o segundo, o terceiro jamais viria!
Ela foi à luta e venceu! Queimou o sutiã e bradou a liberdade. Quer trabalhar, mesmo que para isso ganhe um salário menor, foi a rua e mostrou a que veio.
Tem que estar sempre maravilhosa, cheirosa e gostosa. Exigência masculina!
Se pudesse mostrar, o mundo conheceria a fera que se esconde dentro da frágil bela.
Toda a libido escondida por anos de repressão, aflorada em tempos de outrora e a rebeldia contida por sôfregos tempos de alienação dos direitos, seriam então expulsas de dentro dos corpos ávidos por provar.
Ávidos por voar e alçar vôos cada vez mais altos, cada vez melhor, com mais intensidade, com loucura e piração.
Passaria de mera telespectadora do mundo para protagonista de uma existência sólida e delineada de prazeres reais.
Seria amada amante, amante amada, usaria essa mesma palavra [amante], sem medo ou culpa.
Quando ela é a amante, ou tem um, se entrega de verdade e quer o outro só para si, livra-se rapidamente do empecilho que a separa da felicidade, mesmo consciente da sua capacidade de dissimulação, não utiliza esse artifício, pois quer e precisa mostrar-se feliz e realizada e apregoar toda esse contentamento ao mundo.
Ama e se entrega louca e intensamente, orgulha-se de ser fiel e sofre em demasia com a traição, seja ela de amor ou amizade.
Fascinante e atraente, dengosa e envolvente, dos treze aos ”enta”,seduz e reluz,  no começo o doce e depois a pimenta, amor e  delírio, fogo e paixão.
“A mulher de Trinta anos” do escritor francês Honoré de Balzac, revolucionou a França e o mundo inteiro, propagou e popularizou o termo “balzaquiana” para designar um certo tipo de mulher e prestou um serviço imenso às mulheres, ao duplicar para elas a idade do amor. Antes dele, todas as namoradas de romance tinham vinte anos. Ele prolongou até os trinta, quarenta anos, sua vida ativa, idade que considerava o ápice da vida amorosa da mulher.
A “Idade da Loba” designa as mulheres de quarenta, despida de pudores e cheia de amores e desejos, desencanadas e desprovidas de preconceitos.
Mulheres de todas as idades, de todos os tipos, respeitadas simplesmente por serem mulheres.
Vivas, astutas, libido aflorada, mães zelosas, fêmeas despudoradas, amantes lascivas e esposas discretas, enfim... à mulher.                                                           Neusa Monfardini


SOMOS POETAS

E como seria então, a vida de um escritor, seja romancista, cronista, contista, novelista, poeta, compositor, não importa... Como seria?
“O poeta é um fingidor, finge tão completamente, que chega a fingir que é dor, a dor que deveras sente”. Fernando Pessoa, maravilhoso poeta português disse isso em uma das suas poesias, a espetacular “Autopsicografia”. Sempre que posso cito esse verso, um de meus preferidos e também porque é uma verdade.
É atributo daquele que escreve, sentir, imaginar, amar, sonhar, sofrer e fingir. Fingir completamente, fingir sentir o que na verdade sente.
Aterei-me à poesia, que atualmente é meu gênero preferido, todos os dias, leio ao menos uma, alguns desses dias me atrevo e rabisco também, o que eu prefiro chamar de “textinho”, não no sentido pejorativo, mas no sentido carinhoso com o qual me refiro aos meus ensaios.
Eu queria ser uma poetisa.  Poetizar as pétalas da flor, os pingos da chuva, os sorrisos das crianças, os amores dos amantes. Poetizaria a vida, poetizaria a história, poetizaria eternamente, minha vida seria uma linda poesia. Que bom se pudéssemos morar dentro de uma poesia!
Mas na verdade, moramos dentro de uma poesia, uns vivem eternamente dentro de uma poesia de amor, outros dentro de uma poesia gótica, alguns preferem as poesias rimadas, outros ainda, as poesias de um verso só.
Nós é que nos transportamos para dentro das poesias, nós é que escolhemos em qual delas ficar.
Alguns de nós a sentimos de forma diferente, sentimos necessidade de nos colocar para  fora, de dominá-la, de fazer com que ela more dentro de nós, dessa forma nos denominamos poetas, nos agarramos a caneta, ao teclado do computador, a um giz ou até o dedo na areia da praia, o importante é expulsá-la de dentro de nós, para levá-la ao mundo, pois os poetas necessitam que os outros a sintam assim como eles.
O poeta não quer que sua poesia seja entendida, isso não tem a menor importância para ele, o que importa é que a sintam, até porque jamais conseguiríamos descrever com nossas bucólicas palavras a magia contida nas linhas e versos de uma poesia. A sonoridade, a estética, a amplitude contida nelas é o que nos faz viver, sonhar, nos deliciar ao lê-las.
E quantos são esses poetas escondidos, ainda morando dentro de suas poesias, loucos para jogá-las para fora. Aqui nessa cidade, utilizando esse meio com o qual nos comunicamos agora, encontrei alguns poetas capazes de mover as estrelas do firmamento com seus textos magníficos. Que bom seria se todos nós tivéssemos a maravilhosa oportunidade de lê-los.
Me atrevo, e deixo aqui uma singularidade rabiscada por mim num desses rompantes de fuga de dentro da poesia, moradora de dentro de mim. Textinho simples, pueril até, mas de significado incontestável.

Limítrofe

Quando eu nasci um anjo pulcro
Desses de cabelos cacheados
Me contou:
Vai ser criança na vida.
Vai ter a vida maravilhosa
Cheia de delícias sem fim.

Eu fui.
Correndo entusiasmadamente
Atrás dos primores e encantos
Procurando os devaneios
Na busca pelo destinado.

Eu encontrei
Não os primores de outrora
Mas o fenecer da esperança
Não a alegria incontida
Mas a sobrevivência  inexorável

Eu era a criança na vida
conhecia os dissabores.
A fome, o frio e o desalento
O infortúnio e a miséria.

Toda a singularidade contida
Em meus olhos de criança
Eram dissimulados
Eram apregoados a todo tempo
Sem resposta alguma.

Eu via com meus olhos pueris
Toda a maldade humana
Toda a intolerância
Toda a incompreensão
Havia o preconceito
Todos olhavam
Mas ninguém via.

E a tristeza contida
No fundo da alma pura
Transformada em animosidade
Todo o amor do princípio
Todo o enleio de outrora
Toda a profecia do anjo
Era agora a penumbra da existência.


Eu era a criança na vida.
Os meus brinquedos infantis
Eram armas de fogo
O meu doce de leite
Era o pó de desesperança
Meu porto seguro
Era a rua gélida e insípida

Onde está meu anjo pulcro
De cabelos cacheados?
Que vida ignóbil é essa?
Que anjo mentiroso!
Onde está o encanto e o primor?
Onde está a criança que brinca?

Eu sou a criança da vida.
Não conheço a esperança
Não preciso de lembrança
Não quero felicidade
Espero somente a morte
Quando meu anjo pulcro
Certamente encontrarei
E a profecia prometida
Na outra vida ignota.
Será enfim cumprida.
Neusa Monfardini Korniski



 

 
O AMOR VIRTUAL

É dentro da tela que te beijo.
Que te sinto. Que te toco.
Frases inconseqüentes, incoerentes...
Realidade insana... Fitar olhos?
Tocar alma.
Desatino no teclar das teclas...
Profundidade superficial de encantos sem fim.
Te busco nas entrelinhas do desconhecido.
Procuro  seu olhar no fundo da tela...
Preciso saber se és verdadeiro...
Encontrá-lo além dos meus sonhos...
Simbolizando as emoções...[emoticons].
Necessito atravessar essa muralha.
Romper a fronteira do inimaginável.
Tão perto, tão longe...
Essa teia que nos separa geograficamente
Essa mesma teia que nos junta na mente...
Antítese! Torpor de sentidos.
Confuso!
Amor...Onde estás?
Sente! Meu corpo em brasas.
Sente! Palavras desnudas.
Desconexas, deliciosas.
As mãos tocam...
Não são as suas...
É minha imaginação que te toca...
Ânsia do real, a querência dos corpos.
Necessidade dissonante do encontro.
Amor real.


A magia do virtual

Queria falar sobre o amor, mas esse é um tema muito amplo, muito vasto e intenso. Pode ser também calmo, sereno e devastador por vezes... Poderia escrever por horas sobre ele, mas muitos poetas e estudiosos já o fizeram, portanto me aterei a um dos tipos de amor existentes, um amor para muitos nada convencional...Até visto por alguns como errado e absurdo. O amor virtual!
Depois de muitos dias escarafunchando, penso ter conseguido elucidar parte desse misterioso amor.
A Internet guarda magias e segredos escondidos dentro de cada tecla e em cada byte. Pessoas se conhecem por esse meio, amizades são consolidadas, risos, choros, carinho... Um homem, uma mulher...Confidências inconfessáveis trocadas ao pé do monitor, até lágrimas roladas e sorrisos incandescidos entre palavras sortidas de pura emoção, amizade, ternura...
Dias de conversa, dias de pura sedução através dos teclados, dias de intenso conhecimento, reconhecimento, palavras doces, palavras ternas, palavras que pouco a pouco vão se tornando palavras de sedução, palavras que falam à alma, ao coração e paulatinamente entram no corpo todo, invadem os poros, os desejos escusos se afloram como se estivessem contidos pelo medo e pela timidez que se apossa de alguns seres quando o assunto é sentimento.
E é essa timidez associada à carência quase peculiar de quem se encontra atrás do monitor que dá espaço para o amor, o amor virtual.
Amor virtual, mas que para muitos pode ser o mais real dos amores, o mais real dos sentimentos, o mais verdadeiro e bonito amor...O único amor.
Um amor que pode levar esses amantes a cometer loucuras, insanidades e devaneios...
Mas por outro lado... Talvez os mais conservadores tenham alguma razão...O amor necessita cuidado, necessita afeto, o toque, o gosto do beijo, o peso do corpo, o entrelaçar de almas e pernas. Sentir o calor da pele. O rubor da face, a verdade do olhar...O toque das mãos...Tudo isso é verdadeiramente amar?
A diferença do amor virtual e do amor real está explícita na acepção da palavra real. Será tão simples assim?
Pois que, o amor é fogo que arde sem se ver... É ferida que dói e não se sente... O essencial é invisível aos olhos... Tão contrário a si é o mesmo amor. Os poetas já disseram isso e nos deixaram deslumbrados com essas palavras... Será que eles estavam predizendo o amor virtual?
Se o amor precisa ser regado diariamente, porque não o fazer on-line, o amor não tem fronteiras, não tem limites, não tem cor, nem raça, credo ou classe social... Para amar não se precisa de roupas, nem de dinheiro ou de status...Basta que os corpos se queiram, se deixem levar, se amem até a prostração, inteiramente vencidos pelo êxtase.
Virtualmente o amor não leva culpas, não existem preocupações, o amante virtual não tem defeitos, é construído diariamente, arquitetado de forma idealizada. Não existem decepções. A menos que ele se torne real. O amor real corre riscos. Desgasta. O amor virtual não, pois existe sempre a possibilidade de ser reconstruído...Pode-se ater ao que é bom, excitante, agradável, prazeroso, sublime, inquietante... Esquecer o marasmo, a monotonia, e todos os problemas pertinentes ao amor real. E deixar-se levar pelo deslize dos dedos nas teclas, pela fluência das palavras, palavras sentidas e escritas, uma a uma até formar frases de inteira sedução, inebriantes, abruptas, recheadas de símbolos emotivos que representam exatamente os sentimentos daquele momento, os sentidos se perdem, o mundo pára, as sensações nada virtuais tomam conta do corpo todo e as vontades imperam como se pudessem ser reais...A necessidade do real se torna cada vez mais forte e mais necessária. E se os lábios quiserem se tocar, os corpos quiserem se fundir, e as vidas quiserem se entrelaçar? Terá vida real o amor virtual?






SONHO E  LIBERDADE


Sonhar é realizar os desejos contidos em nossos pensamentos mais íntimos.
Sonhar é deliciar-nos com a liberdade de querer e poder. É escancarar os anseios e atropelar as proibições.
Quem ainda não sonhou que andava nu por entre pessoas ou ainda pelos campos; sentindo a brisa fria acariciando seu corpo todo?
Essa sensação liberta de atingir o inatingível...
Sonhando; podemos tudo, nos mudamos para dentro das vidas das pessoas. Deixamos o espírito livre, a mente e a casa aberta.
Ser livre é exatamente poder realizar os sonhos mais inconfessáveis. É entrar de cabeça numa tormenta de emoções e poder se movimentar conforme o temporal, deixando seguir o corpo por onde o corpo quiser seguir, sem razão ou domínio sem frescura ou pretexto.
Sonhar em ser livre é poder divagar as emoções, é considerar puras, todas as formas de amar pensando sempre que o amor vale a pena e pode tudo.
Pensando sempre que a paixão deve imperar, reinar e nortear os sonhos.
Sonhar é exatamente não ter que se preocupar com o real; é experimentar sensações que sempre nos apresentaram como inteiramente dissonantes; feias e ímpias. . .
Sensações que sempre vão além do permitido, além do discutido, além do provável e do possível.
Sonhar é ser livre para gritar sim quando sentir vontade, blasfemar contra o proibido, romper as amálgamas que nos prende ao pecado.
Ser livre é pecado? Sonhar é pecado?
Pecado é privar-se do prazer de não ser e se fazer feliz.
O que é felicidade; senão a liberdade de poder sonhar e viver, ser, fazer, acontecer, rir, falar, gritar, amar, pedir e ter; sem ser punido por isso...
Liberdade de fazer acontecer, de sentir a brisa batendo na pele, de correr ao encontro do infinito...
Liberdade em poetizar o reprimido, de expressar sentimentos, de rir e chorar de alegria.
Liberdade de poder ser o que quiser; sem falsidade, sem pseudopudor, sem falsos moralismos, sem recriminação, sem vergonha.
Sejamos livres, tenhamos nossos sonhos todos realizados e escancarados para todos os lados.
Ignoramos nosso norte e deixemos nossa liberdade tomar conta.
Ah que bom... Ter algo pra fazer e não o fazer, ter que ser alguém e não o ser...
Quem me dera poder enfrentar os dissabores do mundo e olhar bem de frente nos olhos da vida...
Esputar todo o ódio e toda a miséria de dentro da alma e beijar a boca da serenidade e do amor.
Quem dera pudesse disseminar a violência, abrandar corações e escancarar com os desejos contidos por sôfrega repressão.
Quem dera pudesse explicar o paradigma sonho-liberdade, uma relação análoga sim e sempre imaginada por todos os seres humanos. 
O que é liberdade para você? O que é sonho para você?
Podemos sonhar juntos e conquistar a liberdade de poder e ser. Quando quisermos, e nos soltarmos das amarras que nos prende a incoerência e ao torpe.
Por que achamos feio o que evidentemente não poderia ser belo?
Por que fingir ojeriza do que te dá prazer?
Vamos protestar contra a insanidade e o desatino, o imoral e o ilegal, porém, sem deixar a hipocrisia nos dominar...
Livre suas mãos das amarras do preconceito e da mentira.
Meu maior sonho é de um dia poder poetizar com liberdade os desejos inexauríveis e os anseios inesgotáveis dos homens, as vontades convulsas e os encantos perenes das mulheres.
Fundir os sexos numa turgescência infinita, permitida e deliciosa. 
Quem me dera poder sonhar...


 Liberdade de sonhar
Neusa Monfardini

Quer ser livre;
Sentir o vento beijando meus lábios.
Afagando minha pele.
Falando em meu ouvido.
O sol acarinhando meu rosto.
Brincando de pique esconde comigo.

Quero sonhar.
Sonhos realizados.
Safados, libertinos, puros e gentis.
Sonhos de crianças
Sonhos de mulheres
De homens.
De gente feliz.

Sonhar ser livre
Ser livre sonhando
A liberdade que sempre estive
Por todos os lados procurando.


Liberdade me leve além
Me leve pra qualquer lugar
Sonhando que sou alguém
Que nasceu livre para amar.

Liberdade!!
De gritar ensandecidamente...
Muitos versos de ternura,
Muitas poesias de amor,
Lindos sonetos de luxúria.
E de gemer sem sentir dor.

Não poderia de deixar de colocar aqui essa preciosidade chamada de Liberdade do meu ídolo Fernando Pessoa que entendia tudo de tudo.

Liberdade
Fernando Pessoa.

Ai que prazer  Não cumprir um dever,   Ter um livro para ler  E não fazer !  Ler é maçada,  Estudar é nada. 
Sol doira  Sem literatura  O rio corre, bem ou mal,  Sem edição original.  E a brisa, essa,  De tão naturalmente matinal,  Como o tempo não tem pressa... 
Livros são papéis pintados com tinta. 
Estudar é uma coisa em que está indistinta 
A distinção entre nada e coisa nenhuma. 
Quanto é melhor, quanto há bruma, 
Esperar por D.Sebastião,  
Quer venha ou não ! 
Grande é a poesia, a bondade e as danças... 
Mas o melhor do mundo são as crianças, 
Flores, música, o luar, e o sol, que peca 
Só quando, em vez de criar, seca. 
Mais que isto  É Jesus Cristo,   Que não sabia nada de finanças  Nem consta que tivesse biblioteca

 



LEIA-ME


Ler é apossar-se do que antes era apenas um esboço dentro de outro cérebro.
Ler é apropriar-se devidamente de todas as intimidades de quem escreveu, é entrar no mundo mágico de quem o criou, é visitar o espaço, o infinito e chegar à imensidão do próprio ser.
Ler é buscar, encontrar e tomar os mistérios para si. 

Eu leio, as páginas em branco e preenchidas com os segredos da vida.
Tu lês, o que escrevo da forma como quero ser lida.
Ele lê, as poesias escritas num tempo remoto de outrora.
Nós lemos, os desígnios contidos nos sôfregos pergaminhos envoltos de enigmas.
Vós lestes na imensidão das letras que formam todas as frases que gostaríamos de dizer.
Eles lêem o que elas escrevem e enternecem o coração com a composição doce.

Ler é viajar para dentro de um mundo de sonhos e fantasias...
Ler é poetizar a vida e sonhar sonhos inconcebíveis.
Leia-me ao todo.
Leia-me exaustivamente.
Leia-me incansavelmente.
Leia-me até aspirar tudo o que vem de mim.
Mesmo sendo essas frases ‘metonímicas’ ou ‘hiperbólicas’, entendo como irreprocháveis e insubstituíveis.
A necessidade do exagero se faz pela necessidade de extenuar a intenção de mostrar o prazer que tenho que me leiam, o prazer que tenho em propalar meus devaneios contidos em verso e prosa.
Ler é percorrer os caminhos contidos nas páginas do livro, os mistérios escondidos na tela de uma obra, ler é deliciar-se numa poesia de amor, é chorar com a notícia do jornal.
Ler é viver o ilusório, o impossível, ler é ter para si o inconfessável, o mais íntimos dos mistérios, o mais profano dos segredos...  
Palavras escritas são músicas doces que enternecem os ouvidos dos amantes, que embalam o sono dos pequenos e amolecem os abrutalhados.
Ler é extasiar-se diante do mundo mágico e infinito que existe dentro de cada ser que escreve.
Ler é exercitar a mente, a inteligência, é mostrar que sabe e a que veio.
Ler é algo inerente ao ser humano, antes de podermos ler as letrinhas que compõem as informações, lemos as informações contidas nos olhos e nos gestos das pessoas.
Normalmente é na escola que somos seduzidos a ler...Chamados a mergulhar de cabeça no oceano de palavras, emoções, novidades, príncipes e fadas, bruxas e reis...
Mas, é na vida que aprendemos a leitura do mundo, os conceitos, os valores, tudo bem escrito em todas as partes onde nossa visão pode alcançar.
Letras garrafais, letras pequenas, grandes, miúdas, bem escritas e às vezes nem tanto...As informações estão lá... Em toda parte, basta ter olhos para ver.
Lendo os lábios do outro nos propagamos para o interior do ser...Nos deliciamos com palavras inaudíveis, imaginamos o que não conseguimos compreender...
Lendo as entrelinhas, viajamos num mundo infinito, criamos nossa própria história, internalizamos o melhor e esputamos o que não nos é essencial...
Aos amantes, por exemplo, se reserva o direito de ler o outro, de mapear, de tatear, formas de leitura impossíveis de não se fazer quando se quer conhecer profundamente a outra pessoa. 
Leia, sinta o que de melhor há nas letras, nas palavras, nas frases, nos acontecimentos, no mundo...
Delicie-se lendo, sentindo o que de melhor há em tudo que tivermos a capacidade de ler, de conhecer, através do que pode ser escrito.
Ler é divagar, é sonhar, é regozijar-se.
Ler é viver.

Imaginemos então Fernando Pessoa, “decifrando” um poema, satirizando inteligentemente a obra, mas para falar melhor sobre o assunto jogou em seu heterônimo Alberto Caeiro a incumbência de retratar o que lhe ia n’alma. 
Essa poesia: “Li hoje” é simplesmente maravilhosa.
Leia e delicie-se com esse presente que eu te dou.

Li Hoje



Li hoje quase duas páginas
     Do livro dum poeta místico,
     E ri como quem tem chorado muito.
Os poetas místicos são filósofos doentes, 
     E os filósofos são homens doidos.
Porque os poetas místicos dizem que as flores sentem 
     E dizem que as pedras têm alma
     E que os rios têm êxtases ao luar.
Mas flores, se sentissem, não eram flores, 
     Eram gente;
     E se as pedras tivessem alma, eram cousas vivas, não eram pedras;
     E se os rios tivessem êxtases ao luar,
     Os rios seriam homens doentes.
É preciso não saber o que são flores e pedras e rios 
     Para falar dos sentimentos deles.
     Falar da alma das pedras, das flores, dos rios,
     É falar de si próprio e dos seus falsos pensamentos.  
     Graças a Deus que as pedras são só pedras, 
     E que os rios não são senão rios,
     E que as flores são apenas flores.
Por mim, escrevo a prosa dos meus versos 
     E fico contente,
     Porque sei que compreendo a Natureza por fora;
     E não a compreendo por dentro
     Porque a Natureza não tem dentro;
     Senão não era a Natureza.

 





 



CIÚMES

Sinto ciúmes de você!
Ciúmes das suas roupas que roçam sua pele,
Enquanto você dorme ternamente.
Ciúmes do vento que beija seus lábios sem cerimônia.
Sinto ciúmes do sol que acaricia sua pele lentamente.
E da lua que ilumina seu sorriso, toda risonha.
Tenho ciúmes das gotas de orvalho que repousam em você.
E das gotículas de perfume que lambem sua pele macia.
Ciúmes de tudo o que seus olhos podem ver.
E de tudo que suas mãos podem tocar com ousadia.
Olhe somente para mim! Acaricie somente a mim! Exista somente para mim!
Deixe apenas que meus lábios toquem os seus.
Não permita que o sol te toque ou que o vento te beije.
Viva apenas para mim, assim como eu vivo por você.
Sinto ciúmes somente porque te amo. Apenas me deseje.

Neusa Monfardini

Poeticamente perfeito! O ciúme é um sentimento que está arraigado em nosso ser desde todos os tempos. Que nos persegue e que por vezes nos domina.
Sente ciúmes; quem ama, quem quer guardar, quer proteger, quer amparar, quer o outro só par si.
Quem sente ciúmes, quer o corpo do outro apenas colado ao seu, quer seu lábios sempre abertos e ávidos, procurando a outra boca...Quer os olhos do outro olhando apenas para seus olhos.
Não acha necessário que seu amor olhe para outras coisas, para outros seres, tenha outras amizades. Quem ama e se sente amado, se basta, se mistura, se confunde...
Não há necessidade de mais nada ou ninguém, os corpos fundem-se em um e o restante apenas atrapalha.
Assim como a saudade; só sente ciúmes quem ama, assim como a saudade, o ciúme dói, faz sofrer, imaginar, chorar. Causa prantos, tristezas, tudo em nome do amor. Quem ama sente ciúmes, quem sente ciúmes é porque ama.
O amor é feito com temperos. No amor, os beijos são doces e ternos, apimentados e libertinos, quando se é necessário separar, tem gosto de tristeza e de quero mais. O ciúme é o tempero do amor, como já disse o poeta, mas, como todas as delícias temperadas, precisa ter a dose certa, se pouco, se torna insosso, se muito temperado pode se tornar insalubre, impossível de deglutir ou de digerir, pode se tornar venenoso e letal.
Todos os amantes gostam de se sentirem amados, desejados, queridos, adoram saber que o outro se sente apavorado com a idéia de perdê-lo, que sentem ciúmes de determinados acontecimentos e de outras pessoas, pois entendem que o ciúme é o termômetro que mede o interesse do outro.
Os amantes acreditam que quanto maior o ciúme maior é o interesse, mas na verdade não é assim, na verdade quanto maior o ciúme mais anormal se torna.
O ciúme é de fato o tempero ou o termômetro do amor, por isso deve ser provado e medido constantemente.
Sente ciúmes quem ama, sente excessivo ciúme quem é inseguro, tem baixa auto-estima, e não confia no amor do outro.
O ciúme nos transtorna, nos motiva, nos impulsiona, nos condiciona...Mas nem sempre isso é tão bucólico como parece.
É bom se sentir amado, endeusado às vezes, mas ninguém quer se sentir como um bibelô que pode quebrar facilmente ou que não tem vontade própria.
O amor precisa cuidado e carinho, quem ama; vai e volta, se for e não voltar é porque não era amor.
Alguns amantes, em nome do ciúme, se sentem donos dos parceiros, perdem a individualidade, confundem os seres e misturam o ideário.
O amor deve ser livre como um pássaro, deve voar e romper fronteiras; deve quebrar elos e transpor montanhas.
O amor é vontade de estar junto, bem grudadinhos, vendo a vida passar, de olhos fechados, pois todo o corpo já se reconhece de cor, reconhecem-se pelo cheiro, pelo gosto, pelo tato...
Quem ama olha junto e para a mesma direção e não priva a visão do ser amado.
Como poetisa que sou, não poderia deixar de tentar retratar através de dois textos poéticos as diferenças entre amar e amar com ciúmes exacerbado.
Quem ama tem ciúmes, mas nada que beire a anormalidade, quem ama cuida, mas não se apossa.
Ame muito e deixe viver!

Eu te amo!
Amo suas roupas, pois elas roçam sua pele enquanto você dorme.
Amo o vento que beija seus lábios sem cerimônia.
Amo o sol que acaricia sua pele.
E a lua que ilumina seu sorriso.
Amo as gotas de orvalho que repousam em você.
E quero ser as gotas de perfume que lambem sua pele macia.
Quer estar presente em tudo que seus olhos podem ver.
Quero ser tudo o que suas mãos podem tocar.
Olhe para mim, acaricie meu corpo, seja somente meu.
Deixe meus lábios tocarem os seus.
Deixe meu corpo se confundir ao seu.
Me ame sob a luz do sol, da lua e na brisa do vento.
Viva dentro de mim, como vivo em você.
Sou feliz simplesmente porque te amo.
E porque sei que você me ama e deseja.

Neusa Monfardini


 



SER POETA, SER POETISA

Acham-me inteligente. Inteligente não sou! Sou poetisa.
Os poetas não são inteligentes, são incoerentes e insanos, abruptos, aparvalhados, divinos, sublimes.
Imaginam, desenham palavras, escrevem sonhos, rabiscam desejos, poetizam a realidade, inventam historietas e rimas para elas.
Os poetas se mudam para dentro de suas poesias, vivem-nas como se fossem verdades supremas e ainda seduzem outros que enlouquecidos imploram por morar dentro de suas poesias.
Loucos são todos aqueles, simples mortais que aceitam o convite e amam um poeta.
A um poeta, não se pode amar. Deve-se contemplar e admirar. O poeta mente, inventa e reconta o que jamais poderia ser confessado. É apaixonante e instigante, aquiescido e dissonante.
É sensível e inatingível, profetiza reclusa e intrinsecamente cada quimera e cada ilusão.
Adoça as palavras e distribuem-nas nas linhas da história e nas páginas da vida compondo poema, poesia.
Cria paixões, romance e intrigas. Arrastam pessoas para dentro de suas idéias e as deixam lá presas num emaranhado de palavras desconexas, harmônicas, apaixonantes, e ele próprio pula para fora, não pode sentir-se preso, ele precisa viver sempre novas emoções, conhecer novos horizontes.
O poeta é livre, incomum, voa até onde nenhum corpo é capaz de estar, nenhum coração é capaz de penetrar.
Alimenta-se de sonhos, inebria-se de esperança, inventa pensamento e recria o inimaginável.
Aos poetas não se deve denominar, nem atribuir peculiaridades. Os poetas são concupiscentes e pueris, vão da devassidão mais esfuziante até a inocência mais pura e absoluta.
Um poeta pode ser um amante furtivo num momento e escrever com luxúria, com gula, volúpia, imprimir lubricidade nas rimas e falar com o corpo todo, amar, regozijar-se, levar o leitor a deleitar-se e chegar o mais perto possível do mais pleno e delicioso êxtase, é capaz de deixá-lo inebriado, apaixonado, seduzido, querendo mais, faz o leitor se apropriar do lido, viver as ilusões contidas nas poesias. O poeta tem o poder de fazer sentir, de fazer viver. De fazer cantar e amar. De gritar e chorar, de se fazer presente nos sonhos mais inconfessáveis de quem lê.
Em outros momentos um poeta pode ser virginal e pueril escrevendo canções de ninar com rimas fáceis e encantadores poemas infantis, fazer brilhar os olhos de uma criança e fazê-la sonhar com o insonhável, imaginar o inimaginável, ser feliz simplesmente.
Em nenhum dos casos será ele mesmo, estará tomado pelo espírito da poesia, emprestando seu ser, sua inspiração para todos os que têm o poder de sentir.
Tudo o que um poeta quer e precisa; é ser lido, é ser sentido, mas não quer ser compreendido, pois as poesias existem para serem sentidas, absorvidas e vividas dentro da alma, dentro do coração, com o corpo todo. E nunca para serem esmiuçadas, esquartejadas e interpretadas.
O poeta é sedutor, seduz com rima e provoca paixões.Traduz as alegrias e as cumplicidades dos amantes, brinca com as palavras e encanta as crianças.
O poeta é ambíguo, é solitário, vive só, num mundo discordante, cheio de nulidades e impropérios, vive desnudado de suas formas, de sua sensibilidade, mas, é petulante, ousado, atrevido, fascinante, inteligível e incompreendido.
Eu sou poetisa e não me importo com os desassossegos que por ventura me assolam. Vivo a poesia e para a poesia, escrevo o que me vem à alma, o que sai do meu espírito o que me pede o corpo. Gosto que me leiam e sintam minhas palavras.
Fernando Pessoa criou heterônimos, eu o entendo, por vezes somos muitos e somos outros.
Por vezes quero e preciso escrever versos de amor ridículos e frívolos também.
Por hora basta que me leiam e sintam.
 Neusa Monfardini

Todas as Cartas de Amor são Ridículas
Álvaro de Campo (heterônimo do Fernando Pessoa)

       Todas as cartas de amor são
       Ridículas.
       Não seriam cartas de amor se não fossem
       Ridículas.
       Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
       Como as outras,
       Ridículas.
       As cartas de amor se há amor,
       Têm de ser
       Ridículas.
       Mas, afinal,
       Só as criaturas que nunca escreveram
       Cartas de amor
       É que são
       Ridículas.
       Quem me dera no tempo em que escrevia
       Sem dar por isso
       Cartas de amor
       Ridículas.
        A verdade é que hoje
       As minhas memórias
       Dessas cartas de amor
       É que são
       Ridículas.
       (Todas as palavras esdrúxulas,
       Como os sentimentos esdrúxulos,
       São naturalmente Ridículas.)
 




A TRAIÇÃO

Já falei sobre a paixão. A paixão que avassala corpos e corações, que encanta e amolece corações abrutalhados pela vida.

Falei também sobre os ciúmes que nos faz donos dos seres que amamos e outros assuntos em que o amor; ou algo próximo a esse sentimento; impera.

Mas outro assunto me perturba o juízo, me deixa intrigada e me faz pensar sobre. Sei que não intriga só a mim, mas a todos que um dia já amaram ou estiveram muito próximos a alguém.

Normalmente as pessoas têm mais medo de serem traídas do que de qualquer outro mal que possa existir.

Mas quem trai? Quem ama trai? Quem é traído perdoa?

A traição não é uma coisa nova, dos tempos atuais. Na verdade tem-se noticias de traição desde os tempos mais remotos.

Sempre o ser humano quis ter o que não tinha, o que era de outrem.

É insaciável com o que gosta. E com relação ao sexo deixa seus instintos tomarem conta da sua razão. Deixa a libido inebriar seu caráter, enxovalhar sua moral.

Mas seria mesmo a traição a coisa mais pérfida do mundo?

Lendo sobre o assunto e conversando com pessoas descobri algumas coisas interessantes a respeito.

Não sou expert no assunto, mas como é direito a qualquer pessoa me atrevo a dizer o que entendo sobre isso.

As mulheres traem quando realmente estão apaixonadas, quando a volúpia, o desejo não pode esperar pela liberdade. Quando a finitude justifica os meios, a paixão justifica os limites rompidos pelas amálgamas da vontade e do pecado.

Quando elas traem é porque realmente amam, é porque querem e precisam ser felizes. Entendem que realmente encontraram a chave para sua felicidade plena e absoluta.

Traem porque estão infelizes nos relacionamentos, sentem-se sozinhas mesmo estando cercado de gente, não recebem carinho, atenção, o amor acabou, a carência impera e a vontade de se sentir amada prevalece. Ela se percebe dividida entre o desejo de amar e a culpa pelo desatino.

Estando nessa situação se sentem mal, culpadas, mas ao mesmo tempo se sentem vivas, lindas, poderosas, se percebem novamente fêmeas capazes de atrair.

A mulher que trai não esconde por muito tempo, pois ela quer e precisa viver com intensidade e verdade sua paixão. Ela deixa pistas, por ora muito feliz e por outra muito deprimida, uma mistura de sentimentos, de sofrimento. Não aceita mais o "amor" do marido, que agora lhe parece penoso e pecaminoso.

Ela quer falar, mas tem medo de ser recriminada, brutalizada, punida até de forma fatal.

E o homem que trai? É mesmo verdade que a traição é algo inerente aos seres humanos do sexo masculino?


Os homens normalmente traem porque entendem mesmo que é natural e intrínseco a ele o ato de trair. Não traem apenas porque não se sentem amados. Ele tem uma capacidade importante de separar absolutamente, a vida de casa com a vida da rua.

Entende a esposa como santa, imaculada, alguém totalmente livre de reprove, a mãe dos filhos, a fidelidade angelical com a qual normalmente mantém um relacionamento de total harmonia.

Mas querem e precisam se sentir jovens, desejados, querem algo novo, algo que dê real prazer, que te façam sentirem-se homem no sentido mais fulgente da palavra. A aventura os excita. Os enobrece. Entendem que algumas escapadelas não lhes tirariam a hombridade, pelo contrário até os fariam sentirem mais homens, mais machos.

Em casa se tornam amantes muito melhores. Capazes de presentear com flores, de levar a esposa para jantar fora. Ficam bem humorados, cuidadosos, felizes consigo mesmo. Realizados plenamente em todos os sentidos. Não carregam pesos de consciências, pois não vêem, de fato, mal nisso. Ao contrário das mulheres, os homens não deixam as esposas por causa das amantes. Salvo raras exceções.

Em se tratando de regra e exceção, existem casos e casos. Fora justificar o motivo que leva seres humanos a trair, alguns fatos precisam ser considerados. Como por exemplo, o fato de que a traição leva as pessoas à loucura, as traídas e as traidoras. Normalmente quem trai entende que o outro está fazendo o mesmo, por isso tem crises de ciúmes excessivas.

Nos dias atuais outra forma de traição é mesmo muito discutida. A traição virtual. Se é que realmente ela existe. Se é que para trair não se precise de contato com o corpo, com a pele, de beijo, de abraço, de entrelaçar de pernas e almas.

Na rede mundial de computadores as pessoas se sentem à vontade para serem o que realmente são ou o que querem ser. Algumas pessoas se sentem realizados em diversos sentidos, conseguem extenuar desejos e realizam-se dentro de fantasias criadas em frente ao monitor, inventam histórias e as vivem sem pudor ou culpa, pois para essas pessoas é como se estivessem dentro das páginas de um livro, não se tem compromisso com a leitura ela é apenas prazerosa ou necessária. Quando não se quer mais ler o livro, simplesmente fecha-se. E quando se quer privacidade simplesmente desliga o computador. Talvez essa seja a forma de traição menos dolorida, menos real, até porque, é mesmo virtual, não tem absolutamente nada de realidade.

O problema maior é quando a vontade da realidade impera e os desejos virtuais se tornam sôfregos e atenuantes deleites reais.

Todos têm direito de ser feliz, mas ninguém tem direito de fazer o outro infeliz. Não se constrói felicidade em cima da infelicidade de ninguém.

A melhor atitude é não trair, pois a traição se constroe em cima de uma mentira e a verdade deve sempre prevalecer principalmente nos casos de um casamento ou de uma relação qualquer.


Neusa Monfardini




SENTIR? SINTA QUEM LÊ!


Gostaria de escrever como as crianças que rabiscam seus nomes em linhas mal traçadas em todas as paredes e nos chãos ao descobrirem as letras que compõem seu nome.
Gostaria de escrever como os adolescentes apaixonados que escrevem seus nomes dentro de coraçõezinhos tortos e adornados por flechinhas que entrecruzam esses corações, que escrevem versinhos de amor em agendas decoradas ou em árvores antigas, sacramentando o amor eterno.
Gostaria de escrever poemas, contos, de escrever somente...
Escreveria eternamente. Seria uma escritora, uma copista como os monges pobres da Idade Média ou um escriba como aqueles enclausurados do Egito Antigo.
Escreveria sonhos, cartas de amor, odes. Escreveria nas nuvens do céu e nas areias do deserto.
Dizem que escrever é um dom, uma competência de poucos seres privilegiados. Não. Não é! Na verdade escrever é alguma coisa mais forte, mais bonita, mais sublime, algo que transcende, que vem de onde não se sabe.
As letras abrolham como se fossem flores na primavera, como se fosse o sol numa manhã de verão, como se fosse o beijo inevitável do casal que se quer, como a entrega máxima, o ápice do êxtase da paixão verdadeira.
As palavras nascem de sentimentos não sentidos, de palavras não ditas, de amores não vividos, de vidas ignotas.
Os textos surgem instantaneamente como que psicografados por deuses do além, fogem da alma, escapam do íntimo, tomam rumos inalcançáveis, se apossam de quem lê e pode sentir.
Gostaria de escrever todos os sentimentos, os pensamentos mais inconfessáveis dos quem amam em segredo, as cenas mais tórridas de dentro das alcovas. As emoções mais pueris da criança triste.
Escreveria com o coração, com a emoção, com os olhos do futuro, e os pés no chão.
Gostaria de escrever e sentir, sentir e escrever.
Agora, peço licença a você meu leitor para usar novamente Fernando Pessoa que insisto em dizer; escreveu sempre o que eu gostaria de ter escrito.

ISTO
Dizem que finjo ou minto
Tudo que escrevo.
Não. Eu simplesmente sinto
Com a imaginação.
Não uso o coração.
Tudo o que sonho ou passo,
O que me falha ou finda,
como que um terraço Sobre outra coisa ainda.
Essa coisa é que é linda.
Por isso escrevo em meio
Do que não está ao pé, Livre do meu enleio,
Sério do que não é. Sentir? Sinta quem lê!
Fernando Pessoa

Não, é evidente que não estou me comparando a Fernando Pessoa, quem me dera, se assim o fizesse estaria cometendo uma “heresia”, e herege eu não sou, sou apenas uma aprendiz, apreciadora da bela arte de escrever.
Quando eu ainda era adolescente, um período onde tudo é eterno, conheci Ferreira Gullar, poeta maranhense de sensibilidade incrível, e uma de suas poesias que me deixou encantada.
Num dos arroubos típicos da idade me meti a escrever uma intertextualidade da poesia de Gullar, senti que tinha que tê-la em mim, aquela poesia estaria enraizada em minha alma e a forma como eu encontrei foi a dialogicidade. Hoje quando leio essa poesia ainda me arrepia, pois ainda cala fundo na alma agora não mais adolescente.



Traduzir-se
Uma parte de mim é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mimé multidão:
outra parte estranheza e solidão.
Uma parte de mim pesa, pondera:
outra parte
delira.
Uma parte de mim
almoça e janta:
outra partese espanta.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,linguagem.
Traduzir uma parte
na outra parte—
que é uma questão de vida ou morte —
será arte?

Ferreira Gullar
Sim, se existe alguém que não a conhecia, há de encontrar a beleza na poesia contida nos versos, há de entender o que senti ao ler pela primeira vez essa poesia cheia de antonímias,
Peço licença novamente para mostrar meu textinho, é claro que fico envergonhada em mostrá-lo, mas sei que saberão considerar, pois eu ainda escrevia com rompantes de menina e verdade da alma.
Sentir? Sinta quem lê.

ANTÔNIMO DE MIM

Uma parte de mim traduz-se em ti;
Outra parte de mim sufoca-se em ti.

Uma parte de mim, grita por ti;
Outra parte de mim acovarda-se.

Uma parte de mim nada em ti;
Outra parte de mim afoga-se.

Uma parte de mim venera-te;
Outra parte de mim esconde-se.

Uma parte de mim fala de ti;
Outra parte de mim cala-se.

Uma parte de mim sorri para ti;
Outra parte de mim chora.

Uma parte de mim esbraveja por ti;
Outra parte de mim murmura.

Uma parte de mim ama-te;
Outra parte de mim, também.

E as duas partes de mim;
Completam-se, na antítese de ti.


Neusa Monfardini


A SEDUÇÃO

Tão logo os olhares se cruzam, vem aquele frio na barriga... Aquela vontade de chegar perto, de se fazer presente. A idade independe, independe também o sexo, condição financeira e até o estado civil.
Quando a paixão chega não pede permissão, não cria conjecturas ou interpelações; instala-se e se apossa e a vontade de ter o outro nos assola o juízo.
Por vezes a paixão acontece e não nos damos conta. Apenas nos sentimos extasiado com a simples presença ou com a simples idéia de estarmos junto daquela pessoa.
As atitudes mudam. O medo de não sermos correspondidos, faz com que deixemos de agir naturalmente. As mãos nunca sabem para onde ir, acabam por pousar “acidentalmente” em alguma parte do corpo do outro. E gestos assim repetem-se a todo instante.
O olhar lânguido se perde no olhar do ser amado, admirado, paquerado, desejado...
Em outras vezes o olhar é fulgido, mas, logo se apossa de um súbito embaraço e se esconde no chão.
As frases tendem a serem bem elaboradas; o desejo de parecer inteligente, de impressionar o outro supera qualquer receio de se tornar caricato.
Enfim... A paixão deixa a face rubra e a boca úmida, a ponderação se esvai e a necessidade de ter a atenção e o corpo do outro faz com que seja iniciada a fase da sedução.
Mas o que é sedução? No dicionário, sedução significa “inclinar artificialmente para o mau ou para o erro; enganar ardilosamente; desencaminhar, valendo-se de promessas; atrair; encantar; fascinar; revoltar; subordinar para fins sediciosos”. Para os especialistas, “a sedução faz parte do jogo que a própria vida inventou para a continuidade das espécies”.
Para mim, seduzir é convencer o outro de que somos bons o suficiente para despertar todos os desejos e vontades dele. É convencê-lo de que somos o ideal e que sem nós sua vida não teria sentido, graça ou encanto.
Seduzir é desvendar os mistérios incontidos por trás do enigma que se torna o outro. É querer tornar-se também um enigma para que o outro desvende cada pedacinho.
A sedução nem sempre tem como princípio básico e fim específico o ato sexual, mas é exatamente essa forma de sedução entre homens e mulheres que mais despertam interesse.
Seduzir exige uma gama de recursos bem elaborados e os apaixonados não abrem mão de usá-los todos, mas em questão de sedução as mulheres são campeãs, tanto em criar as oportunidades, como em conseguir o intento.
Elas têm um charme especial e quando estão “com o alvo na mira” não economizam na sedução. Mexem nos cabelos, colocando-os atrás das orelhas, deixando, por vezes, uma mecha cair na testa. A língua lambe suavemente e demoradamente os lábios ligeira ou inteiramente vermelhos enquanto um olhar lânguido é lançado diretamente no olhar dele; esse olhar é fixado atentamente até que o outro perceba, e quando isso acontece seu olhar se afasta vagarosamente numa atitude quase tímida. Numa outra oportunidade, esse mesmo olhar se volta diretamente para a boca do outro.
Quando chega, a mulher sedutora anda sacudindo as ancas numa demonstração de fertilidade. Quando senta, cruza as pernas os as torna juntas e ligeiramente tombadas para um lado, numa demonstração de meiguice e timidez. O sorriso também tem um espaço importante nesse momento, com um toque de timidez e malícia, mas na medida certa. A timidez exagerada não ajuda na conquista, ao contrário; atrapalha, mas o excesso de segurança e a libido aflorada e exposta também atrapalham nesse momento. Tudo tem que ser comedido. O que separa a sensualidade da vulgaridade é uma linha tênue.
O homem sedutor age de forma natural, normalmente não percebe suas atitudes diferenciadas. Quando está próximo à mulher desejada, estufa o peito e inclina levemente os genitais para frente numa demonstração de poder e virilidade.
O homem que quer seduzir deve saber que as mulheres gostam de poder. Ele precisa ter status, dinheiro, inteligência ou mesmo força física. Ser fisicamente atraente é importante, mas não é essencial.
O poder de argumentação e o senso de humor também são importantes na conquista. Mulher inteligente adora homem inteligente e divertido. Também aí é necessário salientar, que o homem não deve fazer piada o tempo todo nem querer parecer muito mais inteligente que ela. Isso o tornará pedante.
O homem “machão” atrai, mas o sensível atrai muito mais. Importante saber dosar. Ser simpático e agradável também deixa as mulheres entorpecidas e “ignorá-las” por certo tempo às deixam “enlouquecidas” e curiosas.
A mulher diz mais “não” que “sim”, portanto o homem deve saber valorizar o sim.
E quando o namoro se inicia a sedução não deve ser desprezada. Pelo contrário, a sedução tem que acontecer de forma sistemática e constante.
Usar e abusar de recursos físicos como saltos, batons, perfumes, roupas sensuais, é muito importante. Um bom vinho, meia luz, morangos vermelhos, sensualidade, lascívia, lingeries... Essencial; mas o maior segredo não só da sedução, mas de qualquer coisa que se queira é fazer bem feito, fazer com vontade, desejo, ousadia e paixão.

Neusa Monfardini





PAIXÃO



“Se a paixão é uma coisa provisória, que seja linda e louca nossa história”
Provisória, abrupta, efêmera. A paixão é o mais intrigante dos sentimentos.
A paixão orienta poetas e amantes, os leva do chão ao céu em segundos. Os faz respirar e poetizar.
Algumas pessoas confundem a paixão com o amor, mas não são iguais esses sentimentos.
Estar apaixonado é querer estar perto, sentir o corpo todo vibrar com um simples telefonema ou um e-mail, é querer o outro a toda hora, é se sentir preso e querer se sentir assim eternamente. É precisar que o tempo pare e continue parado.
Estar apaixonado é sentir o rosto queimar e o corpo acender só de pensar no outro.
A paixão é o melhor e mais intenso dos sentimentos, e como tudo o que é bom, dura apenas o tempo suficiente para se tornar inesquecível, a paixão também é efêmera.
Dizem alguns pesquisadores que seres humanos são biologicamente programados para se sentirem apaixonados durante 18 a 30 meses. Dizem ainda que esse é o tempo necessário para que os casais se conheçam, se “amem” enlouquecidamente e concebam uma criança.
Prefiro pensar que é o tempo suficiente para se sentir vivo em todos os sentidos da palavra... É viver intensamente cada momento da vida como se fosse o derradeiro. E na paixão cada momento, pode ser, de fato o derradeiro.
Para mim paixão é um estado de espírito...Estar apaixonado é entrar em transe quando se está junto ou pensa no que se quer... No seu objeto de desejo, que pode ser um objeto propriamente dito...Ou alguém que se quer muito... Você pode ser apaixonado pelo seu instrumento musical, por um carro, pela sua profissão... É um sentimento gostoso e que serve pra nos impulsionar...Somos normalmente movidos pela paixão... Paixão por algo que queremos muito ou que temos e adoramos ter... É a paixão que nos faz conseguir.
Deveríamos nos apaixonar mais... Seríamos muito mais felizes. Teríamos muito mais momentos bons... Sendo isso mesmo a felicidade... Apenas momentos felizes, preencheríamos os momentos todos de encantos.
A paixão é como minhas frases, cheias de reticências... Pois jamais conseguiríamos defini-la a fundo. São apenas suposições. Apenas sentimentos.
Apaixonados são como poetas. Intensos, verdadeiros, loucos, imediatos, necessitam do momento e sabem como fazer desse momento o maior e melhor dos instantes.
E o amor?
Não posso simplificar assim esse que todos dizem ser o mais nobre dos sentimentos.
Acredito que o amor seja mesmo o mais sublime dos sentimentos...
O amor é mais calmo, é mais carinho. A paixão é mais fogo. É mais lascividade...
Quando amamos alguém, fazemos carinho nos cabelos. Quando estamos apaixonados, agarramos com força. Quando amamos, suspiramos, quando apaixonados respiramos freneticamente. Quando amamos, beijamos macio. Quando apaixonados, beijamos com loucura. Quando amamos, o “amor” é calmo, com tempo. Quando apaixonados nos entregamos numa loucura cega e sem limites...
Disse Camões e depois o Renato Russo que o amor é fogo que arde sem se ver. Acho que eles queriam dizer "A paixão é fogo que arde sem se ver"
O amor não arde, o amor é morno. O que arde é a paixão. Que arde o corpo todo... Que inebria... Que pega fogo...

Acho que estou novamente privilegiando a paixão em detrimento do amor. Não é essa minha intenção.
O amor merece mais que uma simples página como essa, cheia de absurdos simplistas de alguém que apenas ousa pensar que sabe.
E é com essa ousadia que peço licença para mostrar mais um dos textinhos.
Textinho que humildemente escrevi para essa ocasião.

A paixão.

Que me perdoe o poeta, mas...
A paixão, que é fogo que arde sem se ver.
É brasa que queima e se sente...
É louca, abrupta, forte, é o viver...
É um querer e querer mais da gente...

É dar-se e implorar...
É viver e dividir
É enlouquecer só em pensar.
E ter sem ter que pedir.

A paixão é uma força incontida
Que desarruma a cama e a vida.
Enlouquece e seduz
É feito o sol radiante.
Nos enche de sonho e de luz.

Na paixão, o beijo é diferente.
Começa devagar, depois... quente...
Inebria e incendeia.
O corpo responde e acende
Depois é a vontade que norteia.

A paixão é irreal
Pensamento em confusão
Tudo muito natural
Corpo todo em combustão.
É ansiar pelo final
Com um simples tocar da mão.

Tudo é instinto
Amplitudes reveladas
Tudo é sempre permitido
Toda as formas de poder, usadas.
E os desejos concluídos.
Sedução desenfreada.

Metódica libido
Perene prazer
Sem pudores fingidos.
Sendo o que tem que ser.
Efêmera e demorada
Deleite do viver.
Simplesmente a paixão e mais nada.

Neusa Monfardini